Páginas

sábado, 30 de janeiro de 2010

CONFISSÃO


Marco estava pronto pro pior. Depois de duas pontes de safena e um câncer no intestino, causa desconhecida não constava na sua lista de causa de morte. Clara sua mulher, tentava ajeitar o travesseiro de baixo de sua cabeça
- Calma querido, já chamei uma ambulância. Logo, logo, ela estará aqui.
- Acho que não vai dar tempo, Clara.
- Calma, vai dar sim senhor. Relaxa.
- Você liga para os meninos?
Meu Deus. Marco sentia uma dor forte no estômago. Não conseguia respirar direito. Sabia que não tinha muito tempo. Então dizem que nos instantes que antecedem o fim, rola um filme em nossas cabeças. A memória reativa coisas esquecidas. Seus filhos já estavam crescidos. Trinta e cinco anos já haviam se passado desde então. Já existiam os netos e os longos e tediosos finais de semana. Os negócios iam bem, porra, tinha que ser logo com ele?
- Clara.
- Sim, amor.
- Me traz aquele porta-retrato da gente em família.
- Claro, amor.
Clara foi até a estante, pegou o porta-retrato da família. Todos estavam lá. Não queria morrer sem levar consigo a doce lembrança da família reunida. Tinha sorte. Foi um baita sortudo . A coisa rolou tão perfeita em sua vida que não poderia reclamar dela. Pensando bem, poderia morrer sim. Qual é a real sina de um homem senão a possibilidade de deixar uma descendência descente no planeta. Seu legado iria continuar. Oh, sim, pelo menos por uns duzentos anos se todos os seus filhos vivessem o mesmo tempo do que ele seus e os filhos dos filhos deles também. E Clara nessa história? Ele tinha que agradecer e muito por tê-lo suportado por todos esses anos ao seu lado. Ele devia uma para ela. Não lhe restava muito tempo. Já estava ficando difícil respirar. Clara devia saber, tinha esse direito. Engraçado. Morrer nos deixa mais sensível mesmo. É uma sensação estranha. A derradeira. Então todas as coisas deveriam ser passadas a limpo.
- Clara.
- Sim, amor?
- Eu estou acabando, amor.
- É amor, eu sei.
- Você sabe muitas coisas, garota.
- Muitas, eu acho.
- Mas nem todas, não é?
- Ninguém sabe tudo, querido.
- É,é. Por isso preciso te contar uma coisa.
- Sem as crianças aqui?
- Não, não, são coisas de casal. Isso é entre mim e você. Coisas de casal.
- Oh.
-Eu não fui um sujeito legal com você uma ou duas vezes nessa vida.
- Eu também não. Tive meus momentos ruins. Minhas depressões, a menopausa...
- É, é , amor. Mas isso a gente tirou de letra. Mas eu estou falando de outra coisa.
- Sim.
- Bom . . . ah, droga.
- O quê?
- Bem, eu dormi coma sua mãe. Ela ainda era jovem e bonita naquela época. Depois a sua irmã, Linda na época em que brigamos no natal de 76. Não foi nada sério. Elas me assediaram. Eu não resisti. Mas foi uma vez só com ambas. Eu juro.
- É amor, eu sei.
- Sabe?Como?
- Papai.
- O que tem ele?
- Foi quem me contou antes de morrer. Mamãe contou pra ele. Foi por isso que a envenenei. Depois Linda e agora você, amor

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

O império Invisível



Particulamente gosto de ação. Por isso mesmo...digamos...sou um pouco ancioso. E ao que se refere à construção de um romance isso é preocupante, pois para se escrever uma trama como O império Invisível, por exemplo, você tem que se doar cem por cento senão corre o risco de enroscar nas próprias pernas e não saber porque diabos caiu no chão. E nesse aspecto Eduardo Schroeder não deixa a desejar em nada para alguns autores que já li. Enquanto algumas editoras ficam perdendo seu tempo lançando trabalhos de artistas carimbados de TV, músicos frustrados, modelos, e ex-garotas de programa, a literatura ficcional tupiniquim vai encontrando seu espaço fora desse contesto, buscando forma e mostrando que temos gente muito boa surgindo no mercado.
O Império Invisível colecionou críticas positivas e uma boa receptividade por relevantes nomes da literatura nacional e internacional, tais como o escritor Luis Eduardo Matta que parabenizou o autor pela escrita agradável e eficiente. Já o consultor, parecerista e tradutor internacional James McSill oficializou sua crítica da seguinte maneira: “Em muitos aspectos a trama [de O Império Invisível] está mais interessante do que muitas que li pré-edição e que viraram best-sellers, tais como Panic e Fear e a trilogia do meu vizinho daqui de York, David Peace.”

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Um grito sufocado no escuro


Havia anos que aquela casa de dois andares no final da rua estava abandonada. Era o lugar perfeito para um sujeito como o Diabo Loiro aprontar uma das suas. Carregava uma garrafa de uísque vagabundo debaixo dos braços e uma idéia fixa na cabeça: sentir prazer causando dor.A mulher que estava com ele não expressava qualquer reação. Deixava-se levar pelo o impulso da raiva do sujeito ou pela impotência da situação. Para ele, ela não tinha nome, era mais um animal de corte a ser abatido num frigorífico qualquer.Diabo Loiro abriu o portão com o pé. Um cachorro latiu ao longe e um coro cães deu inicio a uma sinfonia quebrando o silêncio da noite. Ele não queria dar a menor chance da mulher se libertar, sair correndo e ele ter que correr atrás dela. Segurou firme num dos braços dela ameaçando-a caso reagisse.Ele já tinha feito quatro vezes. Era fácil. Geralmente elas não fazer merda nenhuma. Ficam tão assustadas que congelam. São presas muito fáceis. Diabo Loiro arrastou a mulher por todo o jardim até chegarem à porta principal. Dois meses antes, fugindo da chuva e do frio, ele havia arrombado a fechadura e deixado a porta de um jeito que de longe não podia se perceber o estado.Ele abriu a porta, jogou-a para dentro e disse:- Se você abrir o bico, eu te mato, sua vaca!A mulher não disse nada. Ficou apenas esperando. Havia caído com o rosto grudado no chão.No canto da porta, Diabo Loiro tinha deixado um pequeno lampião de querosene. Tateou um pouco no escuro o encontrou; meteu a mão no bolso da calça e pegou um isqueiro e o acendeu. Mas quando voltou a luz para a mulher ela tinha desaparecido.- Mas que... Hei querida, aonde você se meteu?- Aqui. Atrás de você.Diabo Loiro voltou-se para trás e antes que pudesse perceber algo, sentiu uma forte pressão em seu pescoço. No escuro, pode ver dois pontos vermelhos e sentir uma respiração odiosa. Ele tentou se livrar em vão. O lampião acabou caindo no chão e ele foi jogado contra a parede. Ficou um tempo, dez segundos talvez, para se recompor. Atordoado, foi se arrastando meio sem rumo quando percebeu os passos e a luz do lampião vindo em sua direção. Ele tentou fugir, mas garras penetraram em sua carne, dando tempo apenas para um grito sufocado no escuro...

domingo, 24 de janeiro de 2010

DEVORADO


Daniel olhou para trás para ter certeza de que poderia chegar ao seu destino. Corria desesperado seguindo pela pequena trilha jogando pedaços de pedras para o ar. Daniel sabia que estava ferrado. Era questão de tempo a não ser que conseguisse chegar até o portão sul do estuário. Conseguindo transpor o portão de quase três metros estaria a salvo. Mas a criatura era veloz. A respiração estava acelerada, as pernas pesadas. E tinha a chuva. Uma semana inteira chovendo naquela cidade. Tomaria algumas providencias em sua vida caso conseguisse escapar. Não haveria mais cigarros, festas e bebidas. Iria se tornar um homem saudável e responsável. Merda. Por que diabos só damos valor a certas coisas quando estamos por um fio? Vivemos sempre arriscando, mas só tomamos noção de certas coisas nesses momentos em que você sabe não ter mais volta.
O som abafado das passadas aceleradas de Daniel parecia um marca passos em final de carreira. Choc, choc, choc,choc. Trinta segundos antes havia se arrependido de ter entrado escondido nos galpões do estuário para roubar fios de cobre para vender. Apesar do quase breu as luzes dos postes da avenida ao lado eram suficientes para deixar à mostra a trilha. Daniel conseguia desviar de obstáculos e a coisa atrás dele também. Ela deveria estar ali há dias, escondida na espreita de uma presa qualquer, esperando pacientemente para se alimentar.
Ele já conseguia ver o portão, tentou acelerar mais ainda o passo, porém percebeu que já estava no máximo. Poda sentir a coisa se aproximando atrás dele. Podia ouvir a respiração pesada. As pedras no chão voavam mais altas, a chuva machucava seu rosto e ele só pensava em se salvar.
Finalmente Daniel conseguiu chegar ao portão e com um impulso jogou seu corpo sobre ele. A força fez com que o portão pendesse para frente e para trás numa dança louca. Dois ou três segundos depois começou a escalada pela sua vida. Daniel segurava com firmeza . Jogou o braço direito para cima, depois e perna esquerda; depois o braço esquerdo e a perna direita até consegui alcançar o topo. Não tomou conhecimento do arame farpado, cravou seus dedos sentiu uma leve dor, mas a adrenalina despejada em seu sangue fez com que a leitura fosse outra. Daniel se jogou de uma altura de quase três metros, deu uma pirueta desengonçada no ar para dois segundos depois bater as costas no chão e apagar.
Quando abriu os olhos, viu o breu total. Levou um tempo para ele ter certeza de que ainda estava vivo. Percebeu que estava de costas para o chão . A chuva caía mais fraca dessa vez. Lembrou-se de tudo e deduziu que estava ali há um bom tempo, uma hora talvez. Ao tentar se levantar percebeu que alguma coisa estava errada. Tentou outra vez. Nada. Fez força outra vez e mais uma vez, nada. E mais essa agora.
- O que tá acontecendo, caramba?
No começo sempre vem a negação. É natural.
- Mais uma vez, vamos lá força, garoto, você consegue. - disse para si mesmo tentando demonstrar coragem.
Nada.
- Jesus, eu estou tetraplégico!
Era isso. Terminaria seus dias afogado com a água de chuva. Talvez morto por hipotermia, fome ou alguma doença. Milhares de pensamentos ruins passaram pela sua cabeça. Daniel estava tão concentrado neles que havia simplesmente esquecido da criatura. Que ironia. Havia conseguido escapar da morte eminente para entrar numa outra mais lenta e estúpida. De repente, ouviu um barulho. Tentou se concentrar para ver de que lado vinha. Percebeu que era do seu “lado” da grade. Eram passos de alguém, ou alguma coisa, estudando o terreno. Sua respiração aumentou, mesmo naquele estado deplorável ele sabia o que estava lhe espreitando. Ainda tentou ver alguma coisa virando o rosto para o lado escuro mas, não viu nada. Então ele ouviu outro som parecido com um grunhido. Desta vez ele conseguiu identificar a direção. Vinha de seus pés. Ele sabia que se acontecesse alguma coisa seria a partir dali.
Foi quando algo agarrou a sua perna esquerda. Ele não conseguiu distinguir se foi uma mordida ou garra entrando em sua carne, caso estivesse com suas terminações nervosas em dia, sentiria uma dor dos diabos e possivelmente teria desmaiado. A criatura simplesmente havia arrancou seu pé esquerdo e começou a mastigá-lo. O som de seus ossos sendo quebrados lembrava muito o de pipocas no microondas. Aquilo fez com que ele percebesse que também estava faminto. Minutos depois, houve outra pressão, sua perna levantou um pouco e seu corpo foi deslocado alguns centímetros para longe da grade. Ele estava sendo comido vivo e não sentia dor nenhuma. Morreria logo. Provavelmente devido a possível hemorragia que tinha. Mais som de osso sendo quebrado. Daniel fechou os olhos e começou a pensar num grande pedaço de lasanha enquanto era devorado vivo por algo do qual ele nem sabia o que era. E nem lágrimas de dor podia deixar escapar de suas entranhas.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Trapiche


Muitas vezes o jovem, com sua inconsequência, seu sangue quente, toma decisões precipitadas, confunde os sentimentos e age sob impulsos, sem saber que amanhã sofrerá e o peso do arrependimento será destruidor. Muitos caminhos paralelos já foram desviados pela falta do diálogo. Haja vista a história do grande amor naufragado de Francini e Vladimir.


Um mundo perfeito


Leonardo Brum estreia com um livro repleto de aventuras e suspense.



Se você tivesse a oportunidade de, em algum momento de sua vida, ter um desejo realizado a partir de um pedido que você pudesse fazer. Um pedido somente. O que você pediria?Em Pedra-Luz, os moradores ansiavam encontrar uma jóia rara que acreditava-se estar escondida na ilha e que havia sido roubada dos piratas mercenários na virada do século XIX. Cercada de inúmeras lendas e mistérios, dizia-se que tal jóia era capaz de realizar os desejos mais secretos das pessoas.Naquela fatídica terça-feira do ano de 1995, ao desembarcar as mercadorias para os comerciantes locais, o encarregado da Central Foods encontrou a ilha completamente deserta. E o que era mais intrigante: todos os pertences pessoais dos moradores haviam sido deixados para trás, como se todos eles tivessem tido uma pressa enorme e incondicional: ninguém fez as malas. Ninguém levou nada. Um carro ainda com o motor ligado, funcionando sozinho na beira da estrada. A comida queimando no fogão em uma das casas. A TV ligada que transmitia apenas uma enigmática tela azul.Para onde teriam ido os 207 moradores que faziam de Pedra-Luz a sua morada permanente?Sua salvação dependia de uma força maior que parecia inexistir em suas vidas, acostumados há tantos anos ao conforto de seus mundos privados. E também da descoberta de um segredo familiar guardado a sete chaves, envolto num temor ancestral pelo que poderia acontecer se fosse novamente revelado. Um mistério que remontava aos primórdios de Pedra-Luz. Um perigo arrebatador tão antigo quanto a própria alma dos homens.Site: http://www.leonardobrum.com.br

Perseguição digital


Esse é livro de estreia da escritora gaúcha Loraine PivattoEm Perseguição Digital, Joana vive o doloroso processo de reconstrução emocional, após o rompimento inesperado de uma relação afetiva. Muito abalada pela dor da rejeição e sem encontrar nenhuma explicação convincente para a atitude de seu amado, ela resolve virar o jogo, deixando de ser uma espectadora impotente e passando a tomar o controle da situação. Esperta e ardilosa, age como uma verdadeira 007 de saias, utilizando a tecnologia e o conhecimento computacional como valiosos aliados para rastrear os passos de Fernando. E assim, a cada nova descoberta, vai desvendando os mistérios e obtendo as tão esperadas respostas às perguntas que a atormentam
Site: http://www.lorainepivatto.com.br/

Quando dormem as feiticeiras


Ao trair seu próprio grupo de feiticeiras, a líder da Irmandade da Loba, Deirdhre Gridelim possibilitou aos inquisidores prepararem uma cilada nos arredores de uma vila a qual servia de passagem para a cidade de Albi, sul da França, obrigando os habitantes a deixar sua terra amada. Muitas mulheres foram capturadas e mortas, e somente seis feiticeiras-lobas restaram da Irmandade. Elas se dividiram em grupos e seguiram caminhos opostos. Em Quando Dormem as Feiticeiras Carlos Costa apresenta esta história com uma linguagem rica em detalhes, envolvendo o leitor a cada página, e nos remetendo aos tempos da Inquisição e o modo de vida medieval.
Medricie será iniciada na magia, e sua vida nunca mais será a mesma. O contato com Urtra, uma feiticeira-loba, a libertará das culpas e dos medos. Urtra é uma bruxa maior, ligada aos lobos por uma tradição da Magia Natural e a uma fonte de poder que está além deste mundo. O ano é 1491, nas proximidades das velhas cidades de Albi e Cordes até Les Baux de Provence, França. Este livro conta a história do que restou de uma comunidade de mulheres que viviam entre um vale temido, cidadelas e vilas, formando uma irmandade misteriosa e fascinante de feiticeiras-lobas. Mulheres de beleza extraordinária, fortes e orgulhosas de suas existências, dedicadas, ainda que naqueles tempos da Inquisição, ao culto do feminino. O lobo representava um portal de comunicação com o mundo espiritual e o poder de manipulação sobre a esfera material e tangível.

domingo, 17 de janeiro de 2010

O BAILE DE MÁSCARAS







Lino e Jenna se preparavam para sair na primeira noite de carnaval de suas vidas como marido e mulher. Porem quando se preparavam para deixar sua casa. Jenna começou a passar mal.
- O que você tem Jenna?
- Não sei. Estou meio tonta. Acho que é a pressão.
- Desde quando você tem problema de pressão:
- Minha mãe tem problema de pressão baixa.
- Consegue andar?
- Vamos para o sofá. O que você quer que eu faça?
- Já vai passar. Me trás um pouco de sal.
Lino foi a até a cozinha trouxe um pouco de sal na palma da mão, deu para esposa e esperou. Minutos depois ela já estava um pouco melhor.
- Bom, acho melhor a gente tirar essas fantasias e assistir o desfile das escolas pela televisão.
- De jeito nenhum. Acho que você deve ir.
Lino colocou a mão no queixo pensativo, depois disse:
- Não seria justo eu lá me divertindo e você em casa.
- Não seria justo para você que não tira férias há dois anos e que no ultimo carnaval ficou comigo no hospital por causa do papai.
- Mas. . .
- Sem, mas. Vai se divertir. Os teus amigos estarão lá. O Douglas, o Henrique e o Patric.
- Todos solteiros por sinal.
- Eu confio em você vestido nessa roupa de Romeo, amor.
O casamento é como investir na bolsa de valores. É um risco a longo prazo. Você investe trinta por cento do seu capital e deixa os outros setenta para segurar a sua barra e quase acaba se arrebentado. Jenna investiu trinta por cento de sua confiança em Lino. Os outros setenta eram pura desconfiança.
Ela esperou por uma hora e saiu. Foi direto para o baile, queria ver se o marido valia o risco. Quando chegou ao baile foi procurá-lo. No meio daquela gente toda conseguiu avista-lo dançando e beijando uma mulher exuberante. O sangue subiu-lhe à cabeça, mas soube se conter. Ela foi se esgueirando até chegar nele torcendo para que ele não se lembrasse de sua fantasia. Era uma boa oportunidade para testá-lo de verdade. Afinal o que era um beijo numa mulher estranha? Era muito pouco para considerar aquilo uma tração. A coisa tinha que evoluir. Jenna chegou perto de ambos e começou e se insinuar para ele. Ela tinha o jeito. Ele deixou a mulher e foi dançar com ela. Como previsto ele não a reconheceu. Quando ela percebeu, estavam os dois num canto escuro do salão. Fizeram amor ali mesmo. Jenna deixou acontecer, afinal sabia bem do que o marido gostava. Quando terminaram não disseram nada. Ele foi pegar uma bebida para os dois e ela foi para casa e ficou esperando-o a noite inteira.
Por volta das 06h00min da manhã Lino chegou em casa. Jenna o esperava lendo um livro no sofá. Ela havia preparado todo o repertório de impropérios. Só queria ouvir da boca dele o que ele tinha a dizer. Queria ouvir qual era desculpa esfarrapada para contar para as amigas.
- Então como foi o baile?
- Chato.
- Chato?
- É, chato.
- Não se divertiu?
- Claro que não. Você não estava lá.
- Não dançou e não beijou ninguém?!
- Nadica.
- Tampouco dançou?!Conta outra, cara.
Jenna não podia acreditar no cara-de-pau do marido. Todo homem é igual, ela pensou, e toda aquela história toda.
- Acho que você está mentindo.
- Está bem, não consigo mentir para você, amor.
Ah, a verdade enfim, pensou ela.
- Encontrei o Douglas e o Patric na festa, mas não ficamos lá. Fomos para o apartamento do Henrique. Ficamos jogando pôquer a noite toda. Jogamos valendo dinheiro. Eu sei que você não gosta. Lembra daquela vez na casa do Antony? Bem, é isso?
Ela até então não havia dado falta da fantasia.
- Onde está a fantasia?
- Emprestei para o louco do Henrique, na metade do jogo ele ficou muito puto. Perdeu uma bela grana. Ficou tão puto da vida que acabou indo para o baile. Emprestei a fantasia para ele. Pelo menos ele se deu melhor. Bem, você sabe como ele é louco. Ele acabou fazendo sexo com uma louca num canto escuro do salão. Bem ao seu estilo, aliás.




quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Feliz 2010?


O ano de 2010 chegou com tudo. Desabamentos em Angra, no Rio Grande do Sul, prorrogação das chuvas em São Paulo o terremoto no HAITI. Não me lembro de um começo de ano tão mau assim. Um cartão de visitas que se não fosse trágico, seria cômico. M., uma moça evangélica, disse que era a ira divina. Bem, não pude ficar quieto e perguntei:
- Qual é o problema com Deus para matar tanta gente assim?
Ela me veio com essa:
- Deus quis levar todo mundo para perto dele.
- Deus é uma criança egoísta?
- Não. Ele quis “salvar” essas pessoas das maldades do mundo. Segundo a Bíblia. . .
Ok.
Se Deus é o culpado eu não sei, mas sei que devíamos agradecer a sorte que temos e tentar sermos humanos melhores. Porém a tendência dos humanos é se manifestar apenas quando são atingidos por tragédias. Caso contrário, o comodismo é nosso chefe. Ficamos inertes a espera de algo acontecer para aí sim, tomarmos atitudes. Será que devo torcer por mais tragédias. Os patrocinadores agradecem.

E falando em tragédias, li uma noticia que ligou minhas antenas. Não costumo acompanhar novelas, mas quem acompanha sabe do que estou falando. Os personagens Miguel (Mateus Solano) e Luciana (Aline Moraes) em Viver a Vida estão a caminho de fazer amor. A novela irá abordar um tema, pouco explorado que é a sexualidade de um deficiente físico (Luciana). Bem, conheci um camarada, anos atrás paraplégico e que tinha uma vida sexual mais ativa que a minha. Como em alguns casos a vida real copia a ficção - e ainda vivi pouco para ver muita coisa ruim - duvido que isso não abra a porta da casa das ideias dos malucos de plantão. É isso mesmo. Se tem louco que abusa de crianças, bate em velhinho, mata por um doce, e bebe para depois dirigir, por que não “atacar” sexualmente deficientes físicos? De repente é loucura da minha cabeça. Pode ser. Vai ver que sou um psicopata e não sabia

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Mulher gosta de dinheiro

Por: Vinicius Machado

Você encontrará outros textos do Vinicius no site Autores


Encontraram uma solução para a incapacidade dos homens de dar orgasmos para as mulheres. Dinheiro. Vocês podem pensar que eu to de palhaçada, mas isso é científico. Outro dia eu li uma pesquisa da Universidade de Newcastle, na Grã-Bretanha, que afirma: "Mulheres sentem mais prazer na cama com homens ricos".
E daí? Eles só confirmaram aquilo que nós sabíamos faz tempo, mas não, tem que ser tudo cientificamente explicado. E depois tem gente que diz que dinheiro não traz felicidade. Pode até não trazer felicidade, mas pelo menos suborna a tristeza. Se dinheiro não traz felicidade me entregue o seu e seja feliz.
A pesquisa afirma que a riqueza é um dos fatores determinantes na escolha de um parceiro. Se todas se baseassem nesse quesito eu tava fodido. Eu fico pensando o que se passa na cabeça de uma mulher: "Aquele executivo tem uma BMW então ele deve ter um pinto grande". Isso não é verdade senão eu não teria... Peraí... Vamos deixar esse assunto de lado.
Agora eu entendo por que Assis Chateaubriand, o homem rico mais feio que já existiu na história desse país, sempre dizia: "Não é preciso ter dinheiro, mas sim parecer que tem dinheiro". Em outras palavras quem tem dinheiro come e quem não tem bate punheta, então vamos mentir por que não é só de punheta que vive um homem. Eu por exemplo uso camisas da Lacoste... Genéricas. É sério eu compro uma camisa polo e levo em uma bordadeira que sabe fazer um jacarezinho perfeito, e pronto pareço um pseudo rico, meu próximo passo é fazer um Ipod com uma caixinha de Tic Tac.
O que me deixou muito chateado quando eu terminei de ler essa pesquisa de extrema utilidade pública, foi uma das afirmações dos cientistas, dizendo que essa é uma característica evolutiva feminina. Evolutiva aonde? Então é assim que as mulheres pensam? O meu filho pode nascer feio, mas não tem problema vai nascer rico, existe plástica pra que?
É impressionante como os valores masculinos são diferentes dos femininos e isso é muito obvio, por exemplo, você vê dois homens conversando passa uma mulher bonita e um fala pro outro: "Ta vendo aquela ali? Comi". O outro pergunta: "Sério? Foi difícil?". E ele responde: "Que nada, só tive que pagar um jantarzinho, um cineminha". Eu fico imaginando a versão feminina dessa conversa, as duas amigas conversando, passa um homem rico e bem vestido, uma fala pra outra: "Gostou do meu carro novo? Foi ele quem me deu". A outra pergunta: "Sério? Menina como você conseguiu essa proeza?". E ela responde: "Foi fácil, só tive que dar pra ele".
Eu imagino essa mesma mulher tendo uma relação sexual com um milionário, ela em cima dele de olhos fechados fantasiando: "Uhm... Dolar... Uhn... Jóias... AHHH SPAAA... AH carro zero, carro zero... Prada, Gucci, Ouro Caaaaaaaaaaaard". Ai o cara fica puto: "Eu sou uma anta mesmo, fico aqui me concentrando, fazendo o meu melhor e você em nenhum momento pensou em mim". E ela responde: "Claro que pensei meu amor tinha o seu nome no Ouro Card". Mulher que nasce rica não precisa se casar, solidão ela compensa com as amigas e com o cachorrinho, o sexo ela compensa com o dinheiro... E com o cachorrinho.