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segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Um grito sufocado no escuro


Havia anos que aquela casa de dois andares no final da rua estava abandonada. Era o lugar perfeito para um sujeito como o Diabo Loiro aprontar uma das suas. Carregava uma garrafa de uísque vagabundo debaixo dos braços e uma idéia fixa na cabeça: sentir prazer causando dor.A mulher que estava com ele não expressava qualquer reação. Deixava-se levar pelo o impulso da raiva do sujeito ou pela impotência da situação. Para ele, ela não tinha nome, era mais um animal de corte a ser abatido num frigorífico qualquer.Diabo Loiro abriu o portão com o pé. Um cachorro latiu ao longe e um coro cães deu inicio a uma sinfonia quebrando o silêncio da noite. Ele não queria dar a menor chance da mulher se libertar, sair correndo e ele ter que correr atrás dela. Segurou firme num dos braços dela ameaçando-a caso reagisse.Ele já tinha feito quatro vezes. Era fácil. Geralmente elas não fazer merda nenhuma. Ficam tão assustadas que congelam. São presas muito fáceis. Diabo Loiro arrastou a mulher por todo o jardim até chegarem à porta principal. Dois meses antes, fugindo da chuva e do frio, ele havia arrombado a fechadura e deixado a porta de um jeito que de longe não podia se perceber o estado.Ele abriu a porta, jogou-a para dentro e disse:- Se você abrir o bico, eu te mato, sua vaca!A mulher não disse nada. Ficou apenas esperando. Havia caído com o rosto grudado no chão.No canto da porta, Diabo Loiro tinha deixado um pequeno lampião de querosene. Tateou um pouco no escuro o encontrou; meteu a mão no bolso da calça e pegou um isqueiro e o acendeu. Mas quando voltou a luz para a mulher ela tinha desaparecido.- Mas que... Hei querida, aonde você se meteu?- Aqui. Atrás de você.Diabo Loiro voltou-se para trás e antes que pudesse perceber algo, sentiu uma forte pressão em seu pescoço. No escuro, pode ver dois pontos vermelhos e sentir uma respiração odiosa. Ele tentou se livrar em vão. O lampião acabou caindo no chão e ele foi jogado contra a parede. Ficou um tempo, dez segundos talvez, para se recompor. Atordoado, foi se arrastando meio sem rumo quando percebeu os passos e a luz do lampião vindo em sua direção. Ele tentou fugir, mas garras penetraram em sua carne, dando tempo apenas para um grito sufocado no escuro...

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