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terça-feira, 27 de julho de 2010

Stallone e Massa pro jantar.

Vou falar de dois casos que movimentaram a última semana. Primeiro, as declarações de Silvéster Stallone; segundo, a papagaiada da Ferrari no GP da Alemanha.

Stallone.

É a partir de declarações jocosas de gente como Silvéster Stallone e Robin Williams (eu já havia falado sobre ele antes nesse blog) que me dou conta de que como ainda somos vistos fora do país. Esse é o preço que se paga por sermos alegres demais, receptivos demais e abertos demais. Minha mãe já dizia: “Tudo que é demais é sobra”. Sábio ditado.
Stallone é um belo exemplo de quem tenta viver das glórias do passado. Assim como alguns “expoentes dos míticos” da arte e do esporte ele deveria ter parado no ponto onde começou. Ficaria ao menos com a glória ou se fosse esperto, faria como Clint Eastwood e envelheceria com certa dignidade.
           
Ferrari.
           
Estou rindo até agora. Alguns colegas ainda ficaram perdendo tempo discutindo se era certo ou errado o que a Ferrari fez  com Felipe Massa, todos batendo na tecla da injustiça que se fosse com o Ayrton Senna não aconteceria, porque o Fernando Alonso era um baita filho da puta. Um bando de viúvas chatas isso sim. Digo que não aconteceria com o Ayrton porque assim como o Fernando, Senna  foi um belo filho da puta também. Se precisasse usar sua influência para conseguir o que queria dentro da equipe faria o mesmo.
Vamos voltar no tempo em 1988 para ser mais exato. Quando Senna foi para McLaren e levou motor Honda com ele e todo o aparato japonês obviamente para ter apoio já iria encontrar terreno conquistado pelo Alain Prost. Deu no que deu. A história a gente já conhece.
Voltando para Ferrari 11 anos em 1999 depois dessa data, fizeram algo parecido com Schumacher quando esse quebrou a perna na Inglaterra sendo obrigado a ajudar Eddie Irvine na disputa do campeonato.
 E se fosse o contrário com Fernando abrindo a porta para o Felipe? Estaríamos rindo. Aposto. Não estou concordando com a atitude da Ferrari, mas como fã do esporte, prefiro ver rodas e pedaços de carro voando pelos ares com uma boa disputa do que a burocracia ferrarista. Mas seria justo condenar a Ferrari pela estratégia  que ela tomou visando o campeonato?

sábado, 17 de julho de 2010

Tapando o buraco do hiato

Foi num almoço com colegas de trabalho que percebei o tamanho do buraco em que enfiei meus projetos pessoais. Escrevi um livro do qual dediquei um tempo muito menor do que merecia. Deixei a escapar pelas mãos a faculdade de Marketing, misturei o curso de webdesign com minhas fantasias de surreais e ainda protelo em ter um filho.
Aos 34 anos de idade tenho um trabalho... digamos a quem da minha capacidade intelectual. Acho que todo artista tem um pouco instabilidade emocional para poder praticar sua arte de alguma maneira. Uns com responsabilidade reduzida; outros sem responsabilidade nenhuma. Outros neutros. Eu me enquadro nessa última categoria. O velho problema de sempre.
Comprei um vinho vagabundo para pensar melhor de como poderia resolver o problema. Procurei na minha coleção de CDs um que merecesse o momento. Nada de Rock, MPB, Blues ou Soul. Coloquei Prokofiev. As clássicas como sempre. Romeu e Julieta. Bem apropriado. Frio, chuva, vinho, depressão invernal e Prokofiev! Você sabe quem foi o cara? Num outro momento eu conto.
A resolução do meu problema começou a acontecer no quarto copo. Tenho sete dias da semana. Cinco dias dele passo praticamente 19 horas do dia fora de casa. Entre tomar banho, jantar e arrumar a roupa para o dia seguinte eu perco mais uma hora. Fico livre pra e-mail, internet das 20h15min até às 23h00minmin. Três horas. Quinze por semana. Esse é o tempo. Sem contar o Sábado e o Domingo. Mas são dias livres então tudo pode acontecer.
Como tenho vários projetos ao mesmo tempo. Cada dia da semana foi escolhido para fazer uma coisa. Fiz até uma tabelinha. Mas artista não é executivo. Então o trabalho para se organizar bem maior e provavelmente terá umas horas extras. Vai dar certo? Eu não sei. Mas não quero olhar para trás 34 anos depois e pensar que não pude fazer nada.

domingo, 21 de março de 2010

Réquiem para Eric Ball




Depois do jantar (um sanduíche de atum e um copo de leite gelado) Jonas Barbavelha postou-se diante do Toshiba três em um e pensou um pouco antes de ligá-lo. Meu deus, provavelmente ele deveria ser uma das últimas pessoas na cidade a ter um aparelho como aquele. Em pleno Século XXI, ouvir fita cassete era coisa de velho. Bem, ele tinha apenas 22. Ele havia encontrado a fita esquecida sob o banco do metrô. Curioso, leu o conteúdo escrito em seu corpo: “Réquiem para Eric Ball”. Não era comum encontrar relíquias perdidas por aí, por isso resolveu dar um presente a si mesmo àquela noite.
Jonas abriu o TAPE DEC e com um pano retirou a poeira. Não se lembrava da última vez que utilizou aquilo. Ele colocou a fita e ligou. Jonas esperou alguns instantes, mas nada de música clássica, Rock ou qualquer coisa parecida. Ouvia apenas um chiado. Ele olhou para dentro do TAPE DEC e viu que um bocado de fita já estava enrolada. Resolveu aumentar o volume até a metade torcendo para que a música não surgisse de repente. Então, o que lhe pareceu chiados e distorcidos ficou claro como água cristalina. Mesmo assim, ele se aproximou de uma das caixas de som para ter certeza do que ouvia. Ficou um tempo parado escutando numa espécie de torpor. Segundos depois ele saia de seu quarto.
Na sala, sentados no sofá, Alicia e Klaus Barbavelha assistiam um programa de variedades e não perceberam quando o filho entrou. Foi tudo muito rápido. E calculado. Jonas atacou o pai com um golpe certeiro no lado direito da cabeça. Ele deu um segundo golpe que o derrubou de costas no chão suficiente forte para deixá-lo convalescente. Com o susto, sua mãe levantou-se caminhando de costas procurando uma falsa proteção. Alicia tropeçou nas próprias pernas e caiu sobre o raque derrubando a televisão, ficando presa no espaço que os objetos tinham em relação a parede. Segundos depois, Jonas a atacava com golpes precisos na cabeça até transformá-la num bolo irreconhecível de carne e sangue. Quando terminou com ela, atacou o pai novamente fazendo o mesmo com ele. Ao terminar o serviço, parecia que tinha corrido uma maratona. Estava todo suado e se sentia o sujeito mais sujo do mundo, pensou em tomar um banho, mas desistiu da ideia. Seu estômago estava roncando de fome. Ele simplesmente voltou para o quarto, aproximou-se mais uma vez da caixa de som e ficou lá até a fita acabar. Tirou-a do TAPE DEC e colocou-a no bolso da calça, procurou sua carteira e saiu. Jonas foi caminhando até o Macfield’s, uma lanchonete que ficava aberta 24 horas, para comer um “X-salada. Quando chegou lá, encontrou uma mesa bem afastada e fez seu pedido. Ele conseguiu comer dois Xis, e tomou dois copos médios de refrigerante assustando o pessoal no atendimento. Ficou um tempo contemplando a avenida que levava para a zona norte da cidade. “Hurricane” de Bob Dylan, tocava nos alto falantes da lanchonete. Eram 22h00minhs. a lanchonete estava a mil por hora. Jonas gesticulou para uma garçonete que passava solicitando a conta. Instantes depois ela voltou com uma caderneta bordô e lhe entregou. A conta havia dado 25 pratas. Ele arrancou duas notas de dez e uma de cinco da carteira, colocou dentro da caderneta e saiu. Tomou a direção do cais do porto assobiando a melodia que havia aprendido.

Horas mais tarde Carla Amachio conseguia encontrar o antigo toca fitas de sua coleção de velharias. Assoprou bem para tirar a poeira de dentro do TAPE DEC. Antes, porém, testou para ver se certificar se o bicho ainda funcionava. Tirou a fita K7 que havia encontrado sobre a mesa na lanchonete da bolsa e a colocou no aparelho. Esperou. Minutos depois ela procurava o TAURUS 38 que seu pai escondia atrás da estante da sala. . .

quinta-feira, 4 de março de 2010

Algumas centenas de almas



O presidente sentou-se na cama para tirar os sapatos. Odiava aquelas reuniões oficiais, mas fazia parte do pacote. No banheiro, a Primeira Dama tomava uma ducha quente para aliviar. Ela também não gostava muito daquilo, mas quando seu marido resolveu ser um político, ela teve de abdicar do seu desejo de ser artista plástica para se dedicar exclusivamente a ele. Esforçou-se o máximo e exigiu dele o mesmo grau de comprometimento, por que o conhecia bem. Ele sempre desistia das coisas no meio do caminho. No meio do caminho, aparecia sempre algo diferente para ser feito e ele nunca focava no que deveria ser feito de fato.
Foram mais de quinze anos tentando para chegar lá. De repente, no entanto, o período de permanência é muito curto. Para um homem vindo da classe operária, ele deveria ser um grande exemplo para aqueles que não tinham esperança de conseguir algo melhor na vida. Mas nunca dizem que para se chegar lá, você deve fazer algumas concessões, acordos, escolhas, errar e ser o maior filho - da- puta da face da terra. O presidente aprendeu isso assim, na base da dor, mas quando se cansou dela, ele teve que apelar. E tudo tem um preço. E tudo finda mesmo.
Ele tirou a meia do pé direito e fez uma cara de nojo quando viu o estado deplorável que estava sua unha do dedão do pé. Mexeu os dedos para sentir o sangue circular; depois se ajeitou para fazer a mesma coisa com o pé esquerdo. Ao se levantar se deparou com a figura inesperada sentada no pufe laranja que a Primeira Dama havia ganhado da Embaixatriz do Marrocos na noite anterior.Ele havia solicitado que mandassem de volta para a casa deles. Simplesmente esqueceram. O Presidente tomou um susto, mas conseguiu se recompor.
- Mas que diabos! Como entrou aqui?
- Pela porta.
O presidente olhou para a porta. Ela estava fechada. Odiava-o por isso.
- O que é que você quer?
- Vim fazer uma visita de rotina. Sabe como é. É preciso fazer sempre a manutenção, às vezes esquecem o contrato.
- A Marta pode lhe ver aqui.
- Não vai. Ela está, digamos, muito ocupada com o vibrador.
- O quê?
- Brincadeira.
- Não é a hora ainda.
- Claro que não, você ainda tem muito tempo. Muito tempo para mim.
- E quanto tempo eu tenho?
- Você aprendeu a ser cínico com quem, Beni?
- Não enche.
De repente o Presidente se levantou e foi até a janela do quarto. No décimo terceiro andar do hotel, podia-se ver boa parte da cidade. Ele abriu a janela e correu com o olhar vago o mar da luzes. Seu interlocutor o acompanhou serenamente.
- Você quer me dizer algo, Beni?
O presidente fez um movimento leve, voltando para ele e depois para a rua.
- Vamos Beni, eu sei que quer me dizer algo.
- Você não aparece por acaso, não é?
- Mais ou menos. Não se acanhe. O que é que você quer?
- Mais tempo.
O interlocutor bateu palminhas de alegria.
- Certo, certo, certo. Isso implicaria modificações no contrato. Você estaria disposto a tanto?
O Presidente deu um longo suspiro. Havia esperado quinze anos. Era muito pouco para tanto tempo. Ele colocou os braços para trás e se voltou para o interlocutor.
- Quero mais quatro anos. Meu partido não tem um nome forte. Desejo que o trabalho seja prorrogado.
- Se preferir isso como desculpa por mim tudo bem. Mas sabemos que lá no fundo é bem mais do que isso, não é mesmo?
- Quais seriam as mudanças? – perguntou o Presidente ignorando o comentário do interlocutor.
- Sua oferta deve cobrir a anterior. Deve ser algo realmente sedutor.
O presidente pensou na esposa antes de responder.
- Quero a Marta fora disso.
- Nem pensei nela.
- Eu o conheço. Você é persuasivo e pode querer complicar lá nas letrinhas miúdas.
- Oh, Beni, assim você me ofende. Eu não faria isso contigo, afinal você foi meu melhor negócio até agora.
- Bem, eu sou o Presidente.
- Sim, você é.
- Não posso sair por ai arrecadando as verbas para você.
- Não. Mas você é o Presidente.
- Sou.
- Então...
- Então eu posso fazer as coisas de uma maneira indireta para você. Tomando medidas que podem facilitar a chegada dessas verbas para você.
- Ah, Beni como você é cruel.
- Não me olhe desse jeito. Quem faz as coisas acontecerem não sou eu.
- Pode ser. Mas tem um dedo muito grande seu nessa história.
- Quando podemos fechar o contrato?
- Você saberá.
O Presidente voltou-se para a janela novamente. Parecia tudo muito calmo. Ele estava calmo. A vida na cidade seguia seu fluxo normal. Ao longe, lá pelos lados do rio, nuvens carregadas traziam chuva. Relâmpagos impiedosos iluminavam um pedaço escuro do céu, pareciam ser um protesto do que ele acabara de fazer. Certas coisas não têm volta.
A Primeira Dama entrou no quarto enrolada numa toalha e imediatamente o Presidente voltou-se para o pufe. O interlocutor havia desaparecido do mesmo jeito que tinha aparecido. Odiava aquilo. Olhou para a esposa enquanto ela a procura de algo para se vestir. Estava ficando velha, mas ainda tinha um pouco dos traços da beleza de outrora. Ele ainda a amava.
- O que foi? – perguntou ela.
- Estou pensando.
- Pensando soa extremamente vago para mim.
- Bem, eu quero me reeleger.
A primeira dama parou por um instante. Parecia pensativa. O Presidente se aproximou dela e a abraçou. Ela ainda estava molhada e tinha um cheiro maravilhoso.
- Eu sei. Isso tudo é demais para você.
- É o que você quer?
- É o que eu preciso.
- E quanto vai lhe custar?
- Algumas centenas de almas – disse ele sorrindo tirando a toalha.



sábado, 20 de fevereiro de 2010

Ethernyti - Sob o domínio das sombras

O último ato do Apocalipse tem o seu início seis meses após a Batalha da Fortaleza da Montanha, quando Lúcifer, em sua sede de vingança contra os anjos, descobre a localização do verdadeiro Cofre da Morte e, respaldado pelo seu novo exército, parte para resgatá-lo. Porém, em seu caminho encontram-se mais uma vez os Guerreiros da Luz.
Thomas e os Escolhidos da Profecia, auxiliados pelos anjos, cruzam o planeta de ponta a ponta, do México ao Egito, sem medir esforços na tentativa de detê-lo. Todavia, algo acaba dando errado e os demons se apossam do terrível “Vírus D”, iniciando, enfim, o profetizado evento do “Armagedon”.
Uma a uma, as maiores metrópoles européias são arrasadas e suas populações dizimadas no pior massacre da História.
A raça humana passa a correr perigo, ficando por um fio da extinção total. Sua única e derradeira esperança repousa agora nos Guerreiros da Luz e nos destemidos anjos de Ethernyt. Mas serão eles realmente capazes de deter o “Fim dos Tempos”?
Muita ação, suspense e aventura em uma história repleta de temas polêmicos que vão desde a origem do homem, os grandes mistérios da antiguidade e o advento das religiões, até a existência de vida extraterrena, culminando em uma visão sombria sobre o destino da humanidade...

Site:http://www.ethernyt.com

Ethernyt - A guerra dos Anjos


Quando o agente especial Rafael Thomas aceita o encargo de investigar a morte de um proeminente diplomata estrangeiro em solo brasileiro, ele não imagina no que está se metendo. Aos poucos, a verdade vai surgindo e ele descobre que por trás daquele crime hediondo encontra-se uma poderosa seita de fanáticos, cuja ambição de seus membros é fazerem valer uma antiga profecia apocalíptica e, com isso, provocarem o Armagedon Bíblico.
Começa então, uma incrível caçada pelos quatro cantos do globo, onde Thomas e os Escolhidos acabam envolvendo-se com sociedades secretas milenares, mistérios e enigmas, assassinatos, perseguições, tiroteios e batalhas épicas de tirarem o fôlego. Até se depararem com uma terrível revelação: Anjos e Demônios existem e estão prestes a destruírem a Terra na batalha definitiva entre o Bem e o Mal
Muita ação, suspense e aventura em uma história repleta de temas polêmicos, que vão desde a origem da Raça Humana, os grandes mistérios da antiguidade e o advento das religiões, até a existência de vida extraterrena, culminando numa visão sombria sobre o destino da humanidade...


sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Tarde demais pra correr


O Chevrolet S-10 de Silas Vilanova voava baixo pela BR-116. Eram 23h00min
- Ei, o que você tá fazendo?
- O que lhe parece?
- Aqui na estrada não. Eu posso bater e a gente não vai conseguir fazer o que a gente quer.
- Duvido – disse ela abrindo o zíper da calça de Silas
- Ei...
- Não vai doer. Eu não vou morder, relaxa.
Carol trabalhava duro em Silas quando ouviu uma sirene. Dois quilômetros antes haviam passado zunindo por um posto da policia rodoviária e estragando o sossego de um dos policiais que tomava seu café com creme. A viatura os seguiu por um quilometro antes de entrarem na sua frente obrigando Silas a pisar forte no freio. Com a freada, a mulher foi jogada para frente. A maldita inércia fez com que ela batesse no painel e, sabe-se lá Deus, parasse nos pés de Silas.
Já Silas, sabia que estava ferrado. Era menor. Não tinha habilitação para dirigir e para completar a cara do policial rodoviário não era das melhores. Principalmente depois de tê-lo visto com as calça arriada.
- Por sua causa, acabei derrubando meu café co creme.
O que veio depois foi uma sucessão de explosões furiosas em forma de perguntas. Após descobrir que ele não tinha habilitação para dirigir, o policial voltou sua raiva para Carol. Ele lhe fez outras dezenas de perguntas até se convencer de que realmente ela não era uma prostituta e sim uma professora de Historia do conceituado colégio Santa Madalena. Para completar a merda, quando ele descobriu de quem ele era filho, deu uma sugestão para que todos ficassem limpos na história.
- Vocês querem dinheiro?
- Não. Queremos fazer uma festa particular com ela.
Carol ficou furiosa.
- Vão pro inferno seus policiais de merda!
- Vamos deixar os dois pensando no assunto por um tempo. Temos a noite toda.
Depois de analisarem todas as possibilidades, Silas e Carol não tiveram alternativa senão aceitar.
- Ok. Aonde vai ser? – perguntou Carol.
Os policiais olharam uma para o outro e o que parecia estar no comando respondeu.
- A gente sabe onde. Entrem na viatura.
- E o meu carro? – perguntou Carol
- Meu colega, vai dirigindo.
Eles seguiram pela BR-116 até tomarem uma estrada de terra. Rodaram por uns vinte minutos mais ou menos. A caminhonete atrás e a viatura na frente. Chegaram até um lugar bem afastado da rodovia e pararam próximo a uma cabana. Deviam estar em algum lugar entre algum lugar e lugar nenhum, deduziu Carol.
Os quatro saíram do carro. Só não havia o breu total por causa da luz opaca da Lua e do brilho dos faróis.
- Vamos levar o garoto pra dentro? - perguntou o policial mais quieto.
- Não. Vamos deixá-lo algemado na caminhonete.
Silas pensou até em resistir, porém achou prudente não fazer nada. Deixaram-no dentro do carro preso ao volante. O policial mais durão foi quem o prendeu e ainda quis tirar um sarro dele.
- Não vá muito longe, garotão.
Sobre a luz fraca da Lua, ele pode ver os três desaparecerem dentro da pequena cabana. Droga. Era para ele estar numa hora daquelas se divertindo com sua professora, não aqueles dois filhos da puta. Por um instante, Silas pensou se ela não estaria gostando e uma breve ereção começou a acontecer quando ele ouviu um grito agudo e disparos das armas. Aquilo fez todos os sentidos de Silas ficarem em alerta.
- Mas que diabos ta acontecendo lá dentro?
Depois dos disparos ouviu barulhos dentro da cabana e os gritos pavorosos. Sentiu o medo tomar contar de seu corpo através de um arrepio que fez os pelos de seu corpo se ouriçar. Alguma merda estava acontecendo dentro da cabana e ele preso na porra da S-10 e a única coisa que ele pensava em fazer era salvar a sua pele. Então ele começou a forçar as algemas. Nada. Óbvio. Foi quando percebeu as chaves na ignição e tentou alcançá-las, mas não conseguiu. Na cabana os gritos haviam cessado e isso significava uma coisa: morte. De repente, como por ordem dos deuses do terror, as nuvens no céu começaram a cobrir a Lua envolvendo no breu todo o lugar. Sem tirar os olhos do borrão sinistro que acabana havia se tornado, Silas escutava apenas sua respiração esperando pelo pior. Quando percebeu um vulto vindo na direção da S-10, seu coração disparou. Tentou se livrar mais uma vez das algemas empregando toda a força que tinha puxando o mais forte que podia. Ficou aliviado ao conseguir distinguir naquela escuridão a silhueta de uma mulher. Era Carol. Mas como? Perplexo, começou a rir e a chorar apoiando a cabeça no volante. A mistura das emoções, no entanto, não o fizeram perceber quando ela parou ao lado da janela e ficou olhando para ele por segundos. Foi tudo muito rápido. Primeiro veio a explosão e milhares de vidros espalhados pelo espaço. Mãos poderosas arrancaram Silas de dentro da picape deixando preso ao volante seus braços junto com as algemas. O urro que ele deu ecoou por todo o descampado e ele quase desmaiou de dor. Se ele tivesse visto no breu absoluto a criatura que envolvia a cabeça de Carol, iria perceber que ela tinha a forma de um neurônio. Se ele pudesse ver no breu absoluto, perceberia que ele estava indo parar no fundo de um lago. Se ele pudesse ver no breu absoluto, perceberia que havia mais dez como aquela criatura. Se pudesse ver no breu absoluto, saberia como é estar morto.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

ASSALTO MACABRO


- Vamos esperar as luzes debaixo se apagarem – disse o homem sentado ao volante.
- Detesto esperar. Por que diabos a gente não entra lá e acaba com essa história de uma vez, Magno?
- Paciência, meu irmão. Não quero morte.
  Havia uma brisa vinda direto do cais. Alguns carros passavam pela rua, mas ninguém percebeu o pointer estacionado próximo à calçada. Os irmãos não sabiam fazer outra coisa na vida.
- Detesto esperar – repetiu Dario.
Magno acendeu um cigarro e deu uma tragada profunda; estava com os olhos pregados na luz que vinha do primeiro andar da casa. Dario não fumava. Preferia mascar chicletes para relaxar. Resolveu ligar o radio nas clássicas. Dvorák. Sinfonia nº. 9 em Mi menor, “O novo mundo”. Largo.
- Nossa, Dario como você consegue ouvir essa droga?
- Não quero ser um negro burro.
- E desde quando você fica mais esperto ouvindo isso?
- Não enche cara.
As luzes no primeiro andar foram apagadas. Ambos viram acender a luz do quarto no segundo. Esperaram cerca de meia hora.
- Vamos.
- Como a gente vai entrar lá, Magno?
- Com isso. – disse ele tirando um molho de chaves do bolso.
- Caramba como você arranjou isso?
- Se você fosse mais esperto saberia que a empregada freqüenta a Dancing, seu idiota.
Foi fácil entrar. Usando a chave, Magno abriu o portão da frente e sabia que o melhor acesso à casa seria pela cozinha e não pela porta da frente, pois tinha pendurado nela os sinos de vento e o barulho poderia despertar a tenção do morador. Não havia cães na casa. Magno fez questão de se certificar bem com a empregada. Às vezes alguns médicos têm certas excentricidades.
Entraram sem fazer barulho. Acenderam suas mini-lanternas e começaram a vasculhar a casa.
- Tome cuidado para não derrubar nada – disse Magno para o irmão.
Ambos levavam dois sacos de poliéster suficientemente forte para agüentar o que iram levar. Vasculharam a sala e roubaram algumas peças de arte.
- A peça da encomenda deve estar lá no segundo andar. Vamos subir.
Subiram as escadas e encontraram no topo um corredor que levava para os quartos do segundo andar. Entraram num dos quartos indicados pela empregada e levaram alguns objetos de valor.
- Já temos o bastante. Vamos embora.
- Só objetos de arte? Eu preciso de grana viva, Magno.
- Você vai ter a sua grana se fizer o que eu disser.
- Vim pra cá pensando que a gente ia pegar uma grana na mão.
- Olha aqui, Dario se o Martin não tivesse quebrado a perna você não estaria aqui comigo. A gente não rouba grana. Se você quiser grana começa a roubar bancos entendeu? Mas como eu sei do tamanho da tua coragem, acho difícil isso acontecer. Então faz o que eu tô mandando de uma vez. Depois os caras que vão comprar essas peças pagam muito bem.
- Tá legal.
Estavam chegando ao último degrau quando algo chamou a atenção de Dario.
- Espera.
- O que foi agora?
- Tá ouvindo?
Magno parou e tentou prestar atenção.
- Não escuto nada, cara.
- Vem lá de cima.
- Vamos embora.
- Isso aí é Tchaikovsky.
- Quem?
- Música, cara. Preciso pegar esse disco pra mim.
Magno seu irmão até o quarto no fim do corredor. Achou estranho porque não ouvia música alguma. Dario foi em direção ao quarto como que se estivesse hipnotizado. Uma sensação estranha tomou conta de Magno que tentou trazer o irmão de volta em vão.
- Vem daqui, Dario.
- Melhor a gente cair fora.
- Cara, tu não ouve nada mesmo.
De repente uma luz surgiu por de trás da porta. Dario tocou na maceta. Estava quente, mas não o suficiente para queimar sua mão. Magno ficou mais atrás. Não via a luz. Ao abrir a porta Dario foi envolvido pela luz e sugado para dentro do quarto. Desesperado, Magno tentou abrir a porta em vão. Para aumentar seu desespero, seu irmão começou a gritar. Gritos horrorosos de desespero. Àquela altura se o medico acordasse na faria a menor diferença para ele. Passou a socar a porta. Nada. Houve batidas violentas na porta pelo lado de dentro. Parecia que jogavam o corpo de seu irmão.
Magno não queria o mesmo destino. Desceu as escadas tropeçando nas coisas pelo caminho envolvido pelos gritos de pavor de seu irmão. Ao chegar à porta da cozinha acabou se atrapalhando com as chaves. Devido ao nervosismo, havia esquecido que a porta já estava aberta e ficou tentando abri-la. Quando procurava a chave certa, levou uma pancada na cabeça que o fez tombar deixando-o tonto o suficiente para ficar inativo. Depois desmaiou.
Acordou e percebeu que estava sendo arrastado por uma das pernas por alguém. Estava sendo levado para algum ponto da casa. Pelo percurso, levantou um pouco a cabeça e tentou falar alguma coisa, porém o torpor era mais forte e o que saiu de sua boca foi algo mais parecido com um grunhido. Contudo, conseguiu reparar que um homem o arrastava com uma das mãos e que na outra segurava alguma coisa.
A casa ainda estava um pouco escura, mas não o suficiente para ele perceber que na outra ele segurava algo do tamanho de uma bola de futebol. Por sorte, passou por uma janela e os faróis de um carro que passava na rua iluminaram momentaneamente o interior da casa, tempo suficiente para ele notar que a bola de futebol era a na verdade a cabeça de Dario. Então percebeu que a noite iria ser mais longa do que ele poderia ter imaginado.







sábado, 30 de janeiro de 2010

CONFISSÃO


Marco estava pronto pro pior. Depois de duas pontes de safena e um câncer no intestino, causa desconhecida não constava na sua lista de causa de morte. Clara sua mulher, tentava ajeitar o travesseiro de baixo de sua cabeça
- Calma querido, já chamei uma ambulância. Logo, logo, ela estará aqui.
- Acho que não vai dar tempo, Clara.
- Calma, vai dar sim senhor. Relaxa.
- Você liga para os meninos?
Meu Deus. Marco sentia uma dor forte no estômago. Não conseguia respirar direito. Sabia que não tinha muito tempo. Então dizem que nos instantes que antecedem o fim, rola um filme em nossas cabeças. A memória reativa coisas esquecidas. Seus filhos já estavam crescidos. Trinta e cinco anos já haviam se passado desde então. Já existiam os netos e os longos e tediosos finais de semana. Os negócios iam bem, porra, tinha que ser logo com ele?
- Clara.
- Sim, amor.
- Me traz aquele porta-retrato da gente em família.
- Claro, amor.
Clara foi até a estante, pegou o porta-retrato da família. Todos estavam lá. Não queria morrer sem levar consigo a doce lembrança da família reunida. Tinha sorte. Foi um baita sortudo . A coisa rolou tão perfeita em sua vida que não poderia reclamar dela. Pensando bem, poderia morrer sim. Qual é a real sina de um homem senão a possibilidade de deixar uma descendência descente no planeta. Seu legado iria continuar. Oh, sim, pelo menos por uns duzentos anos se todos os seus filhos vivessem o mesmo tempo do que ele seus e os filhos dos filhos deles também. E Clara nessa história? Ele tinha que agradecer e muito por tê-lo suportado por todos esses anos ao seu lado. Ele devia uma para ela. Não lhe restava muito tempo. Já estava ficando difícil respirar. Clara devia saber, tinha esse direito. Engraçado. Morrer nos deixa mais sensível mesmo. É uma sensação estranha. A derradeira. Então todas as coisas deveriam ser passadas a limpo.
- Clara.
- Sim, amor?
- Eu estou acabando, amor.
- É amor, eu sei.
- Você sabe muitas coisas, garota.
- Muitas, eu acho.
- Mas nem todas, não é?
- Ninguém sabe tudo, querido.
- É,é. Por isso preciso te contar uma coisa.
- Sem as crianças aqui?
- Não, não, são coisas de casal. Isso é entre mim e você. Coisas de casal.
- Oh.
-Eu não fui um sujeito legal com você uma ou duas vezes nessa vida.
- Eu também não. Tive meus momentos ruins. Minhas depressões, a menopausa...
- É, é , amor. Mas isso a gente tirou de letra. Mas eu estou falando de outra coisa.
- Sim.
- Bom . . . ah, droga.
- O quê?
- Bem, eu dormi coma sua mãe. Ela ainda era jovem e bonita naquela época. Depois a sua irmã, Linda na época em que brigamos no natal de 76. Não foi nada sério. Elas me assediaram. Eu não resisti. Mas foi uma vez só com ambas. Eu juro.
- É amor, eu sei.
- Sabe?Como?
- Papai.
- O que tem ele?
- Foi quem me contou antes de morrer. Mamãe contou pra ele. Foi por isso que a envenenei. Depois Linda e agora você, amor

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

O império Invisível



Particulamente gosto de ação. Por isso mesmo...digamos...sou um pouco ancioso. E ao que se refere à construção de um romance isso é preocupante, pois para se escrever uma trama como O império Invisível, por exemplo, você tem que se doar cem por cento senão corre o risco de enroscar nas próprias pernas e não saber porque diabos caiu no chão. E nesse aspecto Eduardo Schroeder não deixa a desejar em nada para alguns autores que já li. Enquanto algumas editoras ficam perdendo seu tempo lançando trabalhos de artistas carimbados de TV, músicos frustrados, modelos, e ex-garotas de programa, a literatura ficcional tupiniquim vai encontrando seu espaço fora desse contesto, buscando forma e mostrando que temos gente muito boa surgindo no mercado.
O Império Invisível colecionou críticas positivas e uma boa receptividade por relevantes nomes da literatura nacional e internacional, tais como o escritor Luis Eduardo Matta que parabenizou o autor pela escrita agradável e eficiente. Já o consultor, parecerista e tradutor internacional James McSill oficializou sua crítica da seguinte maneira: “Em muitos aspectos a trama [de O Império Invisível] está mais interessante do que muitas que li pré-edição e que viraram best-sellers, tais como Panic e Fear e a trilogia do meu vizinho daqui de York, David Peace.”

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Um grito sufocado no escuro


Havia anos que aquela casa de dois andares no final da rua estava abandonada. Era o lugar perfeito para um sujeito como o Diabo Loiro aprontar uma das suas. Carregava uma garrafa de uísque vagabundo debaixo dos braços e uma idéia fixa na cabeça: sentir prazer causando dor.A mulher que estava com ele não expressava qualquer reação. Deixava-se levar pelo o impulso da raiva do sujeito ou pela impotência da situação. Para ele, ela não tinha nome, era mais um animal de corte a ser abatido num frigorífico qualquer.Diabo Loiro abriu o portão com o pé. Um cachorro latiu ao longe e um coro cães deu inicio a uma sinfonia quebrando o silêncio da noite. Ele não queria dar a menor chance da mulher se libertar, sair correndo e ele ter que correr atrás dela. Segurou firme num dos braços dela ameaçando-a caso reagisse.Ele já tinha feito quatro vezes. Era fácil. Geralmente elas não fazer merda nenhuma. Ficam tão assustadas que congelam. São presas muito fáceis. Diabo Loiro arrastou a mulher por todo o jardim até chegarem à porta principal. Dois meses antes, fugindo da chuva e do frio, ele havia arrombado a fechadura e deixado a porta de um jeito que de longe não podia se perceber o estado.Ele abriu a porta, jogou-a para dentro e disse:- Se você abrir o bico, eu te mato, sua vaca!A mulher não disse nada. Ficou apenas esperando. Havia caído com o rosto grudado no chão.No canto da porta, Diabo Loiro tinha deixado um pequeno lampião de querosene. Tateou um pouco no escuro o encontrou; meteu a mão no bolso da calça e pegou um isqueiro e o acendeu. Mas quando voltou a luz para a mulher ela tinha desaparecido.- Mas que... Hei querida, aonde você se meteu?- Aqui. Atrás de você.Diabo Loiro voltou-se para trás e antes que pudesse perceber algo, sentiu uma forte pressão em seu pescoço. No escuro, pode ver dois pontos vermelhos e sentir uma respiração odiosa. Ele tentou se livrar em vão. O lampião acabou caindo no chão e ele foi jogado contra a parede. Ficou um tempo, dez segundos talvez, para se recompor. Atordoado, foi se arrastando meio sem rumo quando percebeu os passos e a luz do lampião vindo em sua direção. Ele tentou fugir, mas garras penetraram em sua carne, dando tempo apenas para um grito sufocado no escuro...

domingo, 24 de janeiro de 2010

DEVORADO


Daniel olhou para trás para ter certeza de que poderia chegar ao seu destino. Corria desesperado seguindo pela pequena trilha jogando pedaços de pedras para o ar. Daniel sabia que estava ferrado. Era questão de tempo a não ser que conseguisse chegar até o portão sul do estuário. Conseguindo transpor o portão de quase três metros estaria a salvo. Mas a criatura era veloz. A respiração estava acelerada, as pernas pesadas. E tinha a chuva. Uma semana inteira chovendo naquela cidade. Tomaria algumas providencias em sua vida caso conseguisse escapar. Não haveria mais cigarros, festas e bebidas. Iria se tornar um homem saudável e responsável. Merda. Por que diabos só damos valor a certas coisas quando estamos por um fio? Vivemos sempre arriscando, mas só tomamos noção de certas coisas nesses momentos em que você sabe não ter mais volta.
O som abafado das passadas aceleradas de Daniel parecia um marca passos em final de carreira. Choc, choc, choc,choc. Trinta segundos antes havia se arrependido de ter entrado escondido nos galpões do estuário para roubar fios de cobre para vender. Apesar do quase breu as luzes dos postes da avenida ao lado eram suficientes para deixar à mostra a trilha. Daniel conseguia desviar de obstáculos e a coisa atrás dele também. Ela deveria estar ali há dias, escondida na espreita de uma presa qualquer, esperando pacientemente para se alimentar.
Ele já conseguia ver o portão, tentou acelerar mais ainda o passo, porém percebeu que já estava no máximo. Poda sentir a coisa se aproximando atrás dele. Podia ouvir a respiração pesada. As pedras no chão voavam mais altas, a chuva machucava seu rosto e ele só pensava em se salvar.
Finalmente Daniel conseguiu chegar ao portão e com um impulso jogou seu corpo sobre ele. A força fez com que o portão pendesse para frente e para trás numa dança louca. Dois ou três segundos depois começou a escalada pela sua vida. Daniel segurava com firmeza . Jogou o braço direito para cima, depois e perna esquerda; depois o braço esquerdo e a perna direita até consegui alcançar o topo. Não tomou conhecimento do arame farpado, cravou seus dedos sentiu uma leve dor, mas a adrenalina despejada em seu sangue fez com que a leitura fosse outra. Daniel se jogou de uma altura de quase três metros, deu uma pirueta desengonçada no ar para dois segundos depois bater as costas no chão e apagar.
Quando abriu os olhos, viu o breu total. Levou um tempo para ele ter certeza de que ainda estava vivo. Percebeu que estava de costas para o chão . A chuva caía mais fraca dessa vez. Lembrou-se de tudo e deduziu que estava ali há um bom tempo, uma hora talvez. Ao tentar se levantar percebeu que alguma coisa estava errada. Tentou outra vez. Nada. Fez força outra vez e mais uma vez, nada. E mais essa agora.
- O que tá acontecendo, caramba?
No começo sempre vem a negação. É natural.
- Mais uma vez, vamos lá força, garoto, você consegue. - disse para si mesmo tentando demonstrar coragem.
Nada.
- Jesus, eu estou tetraplégico!
Era isso. Terminaria seus dias afogado com a água de chuva. Talvez morto por hipotermia, fome ou alguma doença. Milhares de pensamentos ruins passaram pela sua cabeça. Daniel estava tão concentrado neles que havia simplesmente esquecido da criatura. Que ironia. Havia conseguido escapar da morte eminente para entrar numa outra mais lenta e estúpida. De repente, ouviu um barulho. Tentou se concentrar para ver de que lado vinha. Percebeu que era do seu “lado” da grade. Eram passos de alguém, ou alguma coisa, estudando o terreno. Sua respiração aumentou, mesmo naquele estado deplorável ele sabia o que estava lhe espreitando. Ainda tentou ver alguma coisa virando o rosto para o lado escuro mas, não viu nada. Então ele ouviu outro som parecido com um grunhido. Desta vez ele conseguiu identificar a direção. Vinha de seus pés. Ele sabia que se acontecesse alguma coisa seria a partir dali.
Foi quando algo agarrou a sua perna esquerda. Ele não conseguiu distinguir se foi uma mordida ou garra entrando em sua carne, caso estivesse com suas terminações nervosas em dia, sentiria uma dor dos diabos e possivelmente teria desmaiado. A criatura simplesmente havia arrancou seu pé esquerdo e começou a mastigá-lo. O som de seus ossos sendo quebrados lembrava muito o de pipocas no microondas. Aquilo fez com que ele percebesse que também estava faminto. Minutos depois, houve outra pressão, sua perna levantou um pouco e seu corpo foi deslocado alguns centímetros para longe da grade. Ele estava sendo comido vivo e não sentia dor nenhuma. Morreria logo. Provavelmente devido a possível hemorragia que tinha. Mais som de osso sendo quebrado. Daniel fechou os olhos e começou a pensar num grande pedaço de lasanha enquanto era devorado vivo por algo do qual ele nem sabia o que era. E nem lágrimas de dor podia deixar escapar de suas entranhas.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Trapiche


Muitas vezes o jovem, com sua inconsequência, seu sangue quente, toma decisões precipitadas, confunde os sentimentos e age sob impulsos, sem saber que amanhã sofrerá e o peso do arrependimento será destruidor. Muitos caminhos paralelos já foram desviados pela falta do diálogo. Haja vista a história do grande amor naufragado de Francini e Vladimir.


Um mundo perfeito


Leonardo Brum estreia com um livro repleto de aventuras e suspense.



Se você tivesse a oportunidade de, em algum momento de sua vida, ter um desejo realizado a partir de um pedido que você pudesse fazer. Um pedido somente. O que você pediria?Em Pedra-Luz, os moradores ansiavam encontrar uma jóia rara que acreditava-se estar escondida na ilha e que havia sido roubada dos piratas mercenários na virada do século XIX. Cercada de inúmeras lendas e mistérios, dizia-se que tal jóia era capaz de realizar os desejos mais secretos das pessoas.Naquela fatídica terça-feira do ano de 1995, ao desembarcar as mercadorias para os comerciantes locais, o encarregado da Central Foods encontrou a ilha completamente deserta. E o que era mais intrigante: todos os pertences pessoais dos moradores haviam sido deixados para trás, como se todos eles tivessem tido uma pressa enorme e incondicional: ninguém fez as malas. Ninguém levou nada. Um carro ainda com o motor ligado, funcionando sozinho na beira da estrada. A comida queimando no fogão em uma das casas. A TV ligada que transmitia apenas uma enigmática tela azul.Para onde teriam ido os 207 moradores que faziam de Pedra-Luz a sua morada permanente?Sua salvação dependia de uma força maior que parecia inexistir em suas vidas, acostumados há tantos anos ao conforto de seus mundos privados. E também da descoberta de um segredo familiar guardado a sete chaves, envolto num temor ancestral pelo que poderia acontecer se fosse novamente revelado. Um mistério que remontava aos primórdios de Pedra-Luz. Um perigo arrebatador tão antigo quanto a própria alma dos homens.Site: http://www.leonardobrum.com.br

Perseguição digital


Esse é livro de estreia da escritora gaúcha Loraine PivattoEm Perseguição Digital, Joana vive o doloroso processo de reconstrução emocional, após o rompimento inesperado de uma relação afetiva. Muito abalada pela dor da rejeição e sem encontrar nenhuma explicação convincente para a atitude de seu amado, ela resolve virar o jogo, deixando de ser uma espectadora impotente e passando a tomar o controle da situação. Esperta e ardilosa, age como uma verdadeira 007 de saias, utilizando a tecnologia e o conhecimento computacional como valiosos aliados para rastrear os passos de Fernando. E assim, a cada nova descoberta, vai desvendando os mistérios e obtendo as tão esperadas respostas às perguntas que a atormentam
Site: http://www.lorainepivatto.com.br/

Quando dormem as feiticeiras


Ao trair seu próprio grupo de feiticeiras, a líder da Irmandade da Loba, Deirdhre Gridelim possibilitou aos inquisidores prepararem uma cilada nos arredores de uma vila a qual servia de passagem para a cidade de Albi, sul da França, obrigando os habitantes a deixar sua terra amada. Muitas mulheres foram capturadas e mortas, e somente seis feiticeiras-lobas restaram da Irmandade. Elas se dividiram em grupos e seguiram caminhos opostos. Em Quando Dormem as Feiticeiras Carlos Costa apresenta esta história com uma linguagem rica em detalhes, envolvendo o leitor a cada página, e nos remetendo aos tempos da Inquisição e o modo de vida medieval.
Medricie será iniciada na magia, e sua vida nunca mais será a mesma. O contato com Urtra, uma feiticeira-loba, a libertará das culpas e dos medos. Urtra é uma bruxa maior, ligada aos lobos por uma tradição da Magia Natural e a uma fonte de poder que está além deste mundo. O ano é 1491, nas proximidades das velhas cidades de Albi e Cordes até Les Baux de Provence, França. Este livro conta a história do que restou de uma comunidade de mulheres que viviam entre um vale temido, cidadelas e vilas, formando uma irmandade misteriosa e fascinante de feiticeiras-lobas. Mulheres de beleza extraordinária, fortes e orgulhosas de suas existências, dedicadas, ainda que naqueles tempos da Inquisição, ao culto do feminino. O lobo representava um portal de comunicação com o mundo espiritual e o poder de manipulação sobre a esfera material e tangível.

domingo, 17 de janeiro de 2010

O BAILE DE MÁSCARAS







Lino e Jenna se preparavam para sair na primeira noite de carnaval de suas vidas como marido e mulher. Porem quando se preparavam para deixar sua casa. Jenna começou a passar mal.
- O que você tem Jenna?
- Não sei. Estou meio tonta. Acho que é a pressão.
- Desde quando você tem problema de pressão:
- Minha mãe tem problema de pressão baixa.
- Consegue andar?
- Vamos para o sofá. O que você quer que eu faça?
- Já vai passar. Me trás um pouco de sal.
Lino foi a até a cozinha trouxe um pouco de sal na palma da mão, deu para esposa e esperou. Minutos depois ela já estava um pouco melhor.
- Bom, acho melhor a gente tirar essas fantasias e assistir o desfile das escolas pela televisão.
- De jeito nenhum. Acho que você deve ir.
Lino colocou a mão no queixo pensativo, depois disse:
- Não seria justo eu lá me divertindo e você em casa.
- Não seria justo para você que não tira férias há dois anos e que no ultimo carnaval ficou comigo no hospital por causa do papai.
- Mas. . .
- Sem, mas. Vai se divertir. Os teus amigos estarão lá. O Douglas, o Henrique e o Patric.
- Todos solteiros por sinal.
- Eu confio em você vestido nessa roupa de Romeo, amor.
O casamento é como investir na bolsa de valores. É um risco a longo prazo. Você investe trinta por cento do seu capital e deixa os outros setenta para segurar a sua barra e quase acaba se arrebentado. Jenna investiu trinta por cento de sua confiança em Lino. Os outros setenta eram pura desconfiança.
Ela esperou por uma hora e saiu. Foi direto para o baile, queria ver se o marido valia o risco. Quando chegou ao baile foi procurá-lo. No meio daquela gente toda conseguiu avista-lo dançando e beijando uma mulher exuberante. O sangue subiu-lhe à cabeça, mas soube se conter. Ela foi se esgueirando até chegar nele torcendo para que ele não se lembrasse de sua fantasia. Era uma boa oportunidade para testá-lo de verdade. Afinal o que era um beijo numa mulher estranha? Era muito pouco para considerar aquilo uma tração. A coisa tinha que evoluir. Jenna chegou perto de ambos e começou e se insinuar para ele. Ela tinha o jeito. Ele deixou a mulher e foi dançar com ela. Como previsto ele não a reconheceu. Quando ela percebeu, estavam os dois num canto escuro do salão. Fizeram amor ali mesmo. Jenna deixou acontecer, afinal sabia bem do que o marido gostava. Quando terminaram não disseram nada. Ele foi pegar uma bebida para os dois e ela foi para casa e ficou esperando-o a noite inteira.
Por volta das 06h00min da manhã Lino chegou em casa. Jenna o esperava lendo um livro no sofá. Ela havia preparado todo o repertório de impropérios. Só queria ouvir da boca dele o que ele tinha a dizer. Queria ouvir qual era desculpa esfarrapada para contar para as amigas.
- Então como foi o baile?
- Chato.
- Chato?
- É, chato.
- Não se divertiu?
- Claro que não. Você não estava lá.
- Não dançou e não beijou ninguém?!
- Nadica.
- Tampouco dançou?!Conta outra, cara.
Jenna não podia acreditar no cara-de-pau do marido. Todo homem é igual, ela pensou, e toda aquela história toda.
- Acho que você está mentindo.
- Está bem, não consigo mentir para você, amor.
Ah, a verdade enfim, pensou ela.
- Encontrei o Douglas e o Patric na festa, mas não ficamos lá. Fomos para o apartamento do Henrique. Ficamos jogando pôquer a noite toda. Jogamos valendo dinheiro. Eu sei que você não gosta. Lembra daquela vez na casa do Antony? Bem, é isso?
Ela até então não havia dado falta da fantasia.
- Onde está a fantasia?
- Emprestei para o louco do Henrique, na metade do jogo ele ficou muito puto. Perdeu uma bela grana. Ficou tão puto da vida que acabou indo para o baile. Emprestei a fantasia para ele. Pelo menos ele se deu melhor. Bem, você sabe como ele é louco. Ele acabou fazendo sexo com uma louca num canto escuro do salão. Bem ao seu estilo, aliás.




quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Feliz 2010?


O ano de 2010 chegou com tudo. Desabamentos em Angra, no Rio Grande do Sul, prorrogação das chuvas em São Paulo o terremoto no HAITI. Não me lembro de um começo de ano tão mau assim. Um cartão de visitas que se não fosse trágico, seria cômico. M., uma moça evangélica, disse que era a ira divina. Bem, não pude ficar quieto e perguntei:
- Qual é o problema com Deus para matar tanta gente assim?
Ela me veio com essa:
- Deus quis levar todo mundo para perto dele.
- Deus é uma criança egoísta?
- Não. Ele quis “salvar” essas pessoas das maldades do mundo. Segundo a Bíblia. . .
Ok.
Se Deus é o culpado eu não sei, mas sei que devíamos agradecer a sorte que temos e tentar sermos humanos melhores. Porém a tendência dos humanos é se manifestar apenas quando são atingidos por tragédias. Caso contrário, o comodismo é nosso chefe. Ficamos inertes a espera de algo acontecer para aí sim, tomarmos atitudes. Será que devo torcer por mais tragédias. Os patrocinadores agradecem.

E falando em tragédias, li uma noticia que ligou minhas antenas. Não costumo acompanhar novelas, mas quem acompanha sabe do que estou falando. Os personagens Miguel (Mateus Solano) e Luciana (Aline Moraes) em Viver a Vida estão a caminho de fazer amor. A novela irá abordar um tema, pouco explorado que é a sexualidade de um deficiente físico (Luciana). Bem, conheci um camarada, anos atrás paraplégico e que tinha uma vida sexual mais ativa que a minha. Como em alguns casos a vida real copia a ficção - e ainda vivi pouco para ver muita coisa ruim - duvido que isso não abra a porta da casa das ideias dos malucos de plantão. É isso mesmo. Se tem louco que abusa de crianças, bate em velhinho, mata por um doce, e bebe para depois dirigir, por que não “atacar” sexualmente deficientes físicos? De repente é loucura da minha cabeça. Pode ser. Vai ver que sou um psicopata e não sabia

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Mulher gosta de dinheiro

Por: Vinicius Machado

Você encontrará outros textos do Vinicius no site Autores


Encontraram uma solução para a incapacidade dos homens de dar orgasmos para as mulheres. Dinheiro. Vocês podem pensar que eu to de palhaçada, mas isso é científico. Outro dia eu li uma pesquisa da Universidade de Newcastle, na Grã-Bretanha, que afirma: "Mulheres sentem mais prazer na cama com homens ricos".
E daí? Eles só confirmaram aquilo que nós sabíamos faz tempo, mas não, tem que ser tudo cientificamente explicado. E depois tem gente que diz que dinheiro não traz felicidade. Pode até não trazer felicidade, mas pelo menos suborna a tristeza. Se dinheiro não traz felicidade me entregue o seu e seja feliz.
A pesquisa afirma que a riqueza é um dos fatores determinantes na escolha de um parceiro. Se todas se baseassem nesse quesito eu tava fodido. Eu fico pensando o que se passa na cabeça de uma mulher: "Aquele executivo tem uma BMW então ele deve ter um pinto grande". Isso não é verdade senão eu não teria... Peraí... Vamos deixar esse assunto de lado.
Agora eu entendo por que Assis Chateaubriand, o homem rico mais feio que já existiu na história desse país, sempre dizia: "Não é preciso ter dinheiro, mas sim parecer que tem dinheiro". Em outras palavras quem tem dinheiro come e quem não tem bate punheta, então vamos mentir por que não é só de punheta que vive um homem. Eu por exemplo uso camisas da Lacoste... Genéricas. É sério eu compro uma camisa polo e levo em uma bordadeira que sabe fazer um jacarezinho perfeito, e pronto pareço um pseudo rico, meu próximo passo é fazer um Ipod com uma caixinha de Tic Tac.
O que me deixou muito chateado quando eu terminei de ler essa pesquisa de extrema utilidade pública, foi uma das afirmações dos cientistas, dizendo que essa é uma característica evolutiva feminina. Evolutiva aonde? Então é assim que as mulheres pensam? O meu filho pode nascer feio, mas não tem problema vai nascer rico, existe plástica pra que?
É impressionante como os valores masculinos são diferentes dos femininos e isso é muito obvio, por exemplo, você vê dois homens conversando passa uma mulher bonita e um fala pro outro: "Ta vendo aquela ali? Comi". O outro pergunta: "Sério? Foi difícil?". E ele responde: "Que nada, só tive que pagar um jantarzinho, um cineminha". Eu fico imaginando a versão feminina dessa conversa, as duas amigas conversando, passa um homem rico e bem vestido, uma fala pra outra: "Gostou do meu carro novo? Foi ele quem me deu". A outra pergunta: "Sério? Menina como você conseguiu essa proeza?". E ela responde: "Foi fácil, só tive que dar pra ele".
Eu imagino essa mesma mulher tendo uma relação sexual com um milionário, ela em cima dele de olhos fechados fantasiando: "Uhm... Dolar... Uhn... Jóias... AHHH SPAAA... AH carro zero, carro zero... Prada, Gucci, Ouro Caaaaaaaaaaaard". Ai o cara fica puto: "Eu sou uma anta mesmo, fico aqui me concentrando, fazendo o meu melhor e você em nenhum momento pensou em mim". E ela responde: "Claro que pensei meu amor tinha o seu nome no Ouro Card". Mulher que nasce rica não precisa se casar, solidão ela compensa com as amigas e com o cachorrinho, o sexo ela compensa com o dinheiro... E com o cachorrinho.